quinta-feira, 6 de maio de 2010

Abandono leva medo e sujeira a Anchieta

Moradores reclamam de desamparo do bairro, tomado por lixões nas calçadas e equipamentos urbanos, como lâmpadas, brinquedos e sinais de trânsito, quebrados

POR NATALIA VON KORSCH
Rio - O espírito de cidade do interior, onde todos se conhecem e tomam café na porta de casa, deixou há tempos Anchieta. A calmaria foi substituída pelo abandono e pelo medo de assaltos. Na quarta-feira, após receber queixas de leitor por meio da seção Conexão Leitor, a reportagem de O DIA flagrou dezenas de ruas esburacadas, lixões improvisados nas calçadas, falta de sinalização e iluminação, praças com brinquedos quebrados e mato alto, entre outras mostras do desamparo de Anchieta.
Única ligação para pedestres entre os dois lados do bairro, a passagem com saída para as avenidas Nazaré e Marechal Alencastro é iluminada apenas com lâmpadas instaladas pelos ambulantes. A camelô Maria José Balagá, 45 anos, diz que cada um dos 15 comerciantes paga R$ 10 por mês de conta de luz: “De dia, a gente faz o papel da prefeitura e ilumina o túnel, mas à noite é tão escuro que todos têm medo de passar”.
Na Rua Andradina, o vendedor Josenildo Cabral, 53 anos, mora ao lado de uma das poucas praças do bairro. Mas os brinquedos estão quebrados e o mato alcança a altura do joelho: “É um absurdo! Não preciso falar nada, é só observar”.
O mesmo sentimento de indignação tem o porteiro Carlos Henrique de Paulo, 36. Há cinco meses, ele procura em vão representantes da prefeitura para denunciar a abertura de uma cratera, com cerca de cinco metros quadrados, que surgiu na calçada da Avenida Marechal Alencastro, exatamente em frente à porta de sua casa. “Qualquer dia alguém vai cair aí dentro, é muito perigoso”, alerta. A Secretaria Municipal de Obras informou que a via será beneficiada pelo projeto Asfalto Liso, com obras de fresagem e recapeamento.

Os moradores reclamam também da falta de segurança. Em quatro horas, O DIA percorreu as ruas do bairro e não avistou nenhum carro da Polícia Militar. Só foram vistos policiais em um dos dois trailers fixos. O técnico em publicidade Alessandro Motta, 34, já foi assaltado sete vezes no último ano e foi obrigado a fechar o comércio que tinha, alvo dos bandidos três vezes, e gradear janelas e portas de casa. “O bairro cresceu e agora temos medo até de andar na rua. A polícia não faz nada”, reclama o morador da Estrada do Engenho Novo.

Fonte: O Dia