sexta-feira, 10 de maio de 2013

Rio mais perto do padrão internacional de ensino

Avaliação de desempenho das turmas de alfabetização do município mostra que estudantes de turno único têm maior aproveitamento em Leitura, Escrita e Matemática

POR Paloma Savedra
 
Rio - Mais tempo na sala de aula, dedicação exclusiva do professor e atividades extracurriculares podem ser a fórmula para o sucesso na Educação. No último resultado do Alfabetiza Rio 2012, as escolas de turno único, com sete horas diárias, foram as campeãs no rendimento total, conforme mostrou o ‘Informe do Dia’.
A avaliação mede o desempenho das turmas de 1º ano do Ensino Fundamental — alfabetização — da rede municipal do Rio em Leitura, Escrita e Matemática. Para educadores, o método pedagógico possibilita dar mais atenção às crianças e contornar dificuldades, além de explorar seus potenciais.
Para especialista em Educação da Uerj, Bertha do Valle, a medida resgata o modelo proposto em outras décadas e se alinha a parâmetros mundiais: “A carga horária de quatro horas diárias no Brasil é espantosa e está muito abaixo dos padrões mundiais”, declarou a professora. O precursor do ensino integral no Brasil foi o educador Anísio Teixeira, na década de 1920, que deixou seguidores. Um deles, Darcy Ribeiro, foi o ‘pai’ dos Cieps, criados na década de 1980, no governo Leonel Brizola.
Primeiro no ranking entre as de turno único e em terceiro lugar na rede, o Ciep 1º de Maio, em Santa Cruz, é considerado o lar dos alunos do 1º ano, que passam o dia estudando com aulas de artes, inglês e caratê. Além disso, foi a turma 1.103 (em 2012) da escola e comandada pela professora Cacilda Almeida, 53 anos, que teve maior rendimento na rede.
“Criamos um ambiente acolhedor e letrado”, ensina Cacilda, há 13 anos como professora.
“Cada aluno tem seu potencial e dificuldade. O professor tem de estar atento”, explica a mestre Solange Joia, 33. No Ciep Fernando Pessoa — 2º colocado entre as escolas de turno único e 11º no geral —, em Parque Anchieta, os educadores dão ênfase a ouvir os alunos: “Às segundas-feiras tem assembleia com eles”, conta a diretora Nilzilenea Gouveia, 49.
 
Tecnologia como aliada na sala de aula
Boa parte dos professores valorizam a tecnologia como uma ferramenta fundamental: “Temos material multimídia em sala, com projetor e amplificador. Podemos trabalhar leitura e conhecimento com filmes. Temos salas de informática, leitura, artes e ciências”, disse a professora Aline Regina Alves, 31, que estreou no magistério ano passado: “O projeto ‘alfa e beta’ me ajudou. Ele usa o método fônico, que trabalha o som das letras, além de fantoches e alfabeto móvel, com letrinhas”.
 
Uma fábrica para construir 220 colégios
Ao todo, são 156 escolas da rede em turno único no Ensino Fundamental, desde o 1º segmento (1º ano ao 5º ano) ao 2º segmento (6º ao 9º). Ano passado, eram 116. Hoje, 17% dos alunos estão no turno único.
A meta é alcançar 35% dos alunos até 2016. Para isso, a prefeitura criou a Fábrica de Escolas, que até 2016 vai construir 220 e adaptar 70 existentes. As primeiras saem em 2014.
“Desde 2009 contratamos 21 mil professores e funcionários. Demos treinamento e estudamos as áreas com maior necessidade”, disse a subsecretária de Educação Helena Boneny.
 
(O Dia)